De
acordo com estudiosos do ramo da mineração, o desmonte de rocha, ou escavação,
trata-se de um processo empregado para romper a compacidade do solo ou rocha,
por meio de ferramentas e processos convenientes, tornando possível sua
remoção. Uma escavação pode ser realizada com dois diferentes objetivos, quais
sejam a obtenção de bens minerais e a abertura de espaços para fins diversos.
No primeiro caso, as escavações normalmente envolvem grandes volumes de
material, tanto estéril quanto minério, e se processam por períodos de tempo
muito longos (REDAELLI e CERELLO, 1998).
A
seleção do método de escavação requer estudos prévios sobre a natureza,
qualidade e quantidade do material a remover, seu arranjo espacial, seu
comportamento quando removido, o que por sua vez é função de fatores
geológico-geotécnicos. Depende ainda dos propósitos da escavação, dos prazos
previstos, da presença de água, da distância aos locais de disposição de
estéreis, bem como dos equipamentos de lavra, transporte e apoio disponíveis.
Com
base nas ideias de Redaelli e Cerello (1998), modernamente, nas minerações os
estudos de definição de volumes de escavação e equipamentos necessários são automatizados
com emprego de programas de computador (REDAELLI e CERELLO, 1998).
Contudo,
o emprego de metodologias e técnicas não se alia apenas aos processos mineiros.
Cabe destacar também o uso de tecnologias de desmonte nas obras de construção
civil como estradas, pontes, viadutos, etc.
Nesse
sentido, a visita realizada com as turmas de Técnico em Mineração, no dia 22 de
maio de 2014, e sob orientação dos professores Alexandre Dias e Sinval Xavier,
teve como objetivo maior observar, no universo prático, a sistematização de
técnicas, processos e métodos utilizados no desmonte de rocha com uso de
explosivo para a abertura de vias de acesso. As atividades foram realizadas na
BA-148, trecho que liga os municípios de Jussiape e Abaíra, próximo ao povoado
de Caraguataí, onde a empresa Terrabrás desenvolve os trabalhos de pavimentação
da rodovia. (Figura 1).
Figura 1: Rodovia BA-148, turma de
técnicos em mineração - CEEP. Foto: Antônio Carlos.
O
Sr. Marivaldo Santana foi o responsável pelas apresentações tanto da empresa,
quanto dos métodos e equipamentos que a mesma utiliza no desmonte de rocha,
especialmente com uso de explosivo. Santana, geólogo formado pela Escola
Politécnica da Universidade Federal da Bahia e responsável pelos desmontes na
obra, explicou as atribuições do seu trabalho, enquanto blaster, que é
justamente assegurar a integridade e segurança da obra e dos sujeitos
envolvidos nas detonações. (Figura 2).
Figura 2: Rodovia BA-148, canteiro de obras da Terrabrás. Foto: Alexandre Dias.
Os
conteúdos e conhecimentos construídos em sala ao longo do componente
Estabilidade e Desmonte de Rocha foram suficientemente completados pelas
observações em campo. Procedimentos como execução do plano de fogo, elaborado
por engenheiro de minas, perfuração e carregamento dos furos, transporte e
manuseio dos explosivos, dentre outros processos. (Figura 3).
Figura 3: Rodovia BA-148,
atividades de campo, turma de mineração. Foto: Alexandre Dias.
A
propósito, é importante destacar o papel de experiências práticas na formação
do técnico, justamente porque são nestes momentos que se possibilita demonstrar
como são desdobrados os fundamentos teóricos e as relações que se estabelecem
entre estes e a práxis, sobretudo no que se refere à mineração e seus
processos. No desmonte de rocha, seja mecânico ou com uso de explosivos,
ornamental ou industrial, torna-se indispensável o desenvolvimento de visita
técnicas e outras observações práticas com o propósito de sistematizar as
informações necessárias à construção do conhecimento especifico.
Com
a visita foi possível observar como são desenvolvidos os trabalhos que envolvem
o desmonte de rocha na construção de rodovias pavimentas. O foco era conhecer
os equipamentos, normas e técnicas que envolvem as atividades de detonação. Na
ocasião foram apresentados equipamentos como retardos, cordel detonante,
estopins e explosivos encartuchados utilizados no desmonte. Também foram vistos
normas e documentos exigidos pelo Exército Brasileiro quando do uso de
explosivos em desmonte de rocha. (Figura 4).
Figura 4: Rodovia BA-148, Estopim,
cordel detonante e retardo. Foto: Andreza Dourado.
Portanto, face as abordagens
apresentadas, fica evidenciado que a visita técnica revela-se como um
instrumento suplementar na construção de um conhecimento técnico suficiente e
que promova o estudante, sobretudo no caso do técnico em mineração. Nesse contexto,
as atividades e observações realizadas com as turmas de mineração na Rodovia
BA-148 revelam a preocupação e compromisso da equipe CEEP com a promoção de uma
educação profissional de qualidade, completa e transformadora.
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